Alex Ribeiro: Quatro fatores para uma possível derrota de Bolsonaro

  A campanha de reeleição de Bolsonaro é um grande desafio. Ele pode ser o primeiro presidente eleito após a redemocratização sem sucesso nas urnas neste ano. Diante dessa possibilidade, enumeramos alguns fatores para uma possível derrota do majoritário.  

Primeiro: a bandeira anticorrupção associada ao seu discurso moralista não vingou em parcela do eleitorado que o apoiava em 2018. Escândalos dentro do seu governo, como no caso do ex-ministro de Educação, Milton Ribeiro, que foi preso pela Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência quando estava à frente da pasta; e a investigação em relação à sua família sobre a compra de mais da metade de seus patrimônios públicos em dinheiro vivo – incluindo três dos seus filhos, duas ex-esposas e sua mãe mostram uma contradição na narrativa construída pelo presidente. 

Segundo: o eterno confronto com as instituições, como o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral, o Congresso e parte da classe política levaram a uma tensão durante todo o seu mandato. Palavras proferidas pelo seu eleitorado como “golpe”, “volta da ditadura militar” e “fechamento” de outros poderes da República levaram a um descrédito do seu modo de governar.

Terceiro: a crítica ao enfrentamento à pandemia no país. As contradições entre o governo e o Ministério da Saúde; o deslocamento da saúde pública transferida aos militares no lugar de especialistas técnicos; a negação da disseminação do próprio Covid-19 o que levou ao protagonismo dos governadores no caso.

Quarto: a crise econômica que atingiu o país no seu governo. O presidente, em suas ações, fez uma falsa associação do dilema entre a economia e a saúde, e levou a um discurso repleto de dúvidas, diminuindo sua popularidade. 

Esses fatos levaram a uma rejeição do governo, 46% segundo pesquisa da FSB/BTG, e diante disso, não será surpresa que seu governo seja reprovado pela maioria da população nas urnas.

Por Alex Ribeiro, cientista político, jornalista e doutorando em História política pela UFBA.