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Eduardo Carvalho: A estrela que brilha no céu, no mar e no meu coração


Por: REDAÇÃO Portal

Foto: Cortesia/Whatsapp

06/12/2022
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            Tio Kleber mandou de Natal/RN pra cá um uatizap com a Dalva de Oliveira cantando “Hino ao Amor”. Meu queridíssimo Tio Bob, prezados Humberto Veira e Leucinho Lemos, caríssimos Ângelo Castelo Branco e Marcelo Lopes, Ilmos. Pellegrino e Adeodato, nada tenho contra Ah!nitta e a sua luta legítima para por seus pés, mãos, peitos e nádegas em alguma  calçada da fama. Digo com sinceridade. Cada um(a) se vale das armas, que Deus deu, para alcançar seus objetivos. Espero que ela amadureça e nos dê bons frutos.

            Gosto muitíssimo da Marisa Monte e ouço a Maria Rita com atenção, mesmo não apreciando as caretas que, para mim, destoam da letra e nada tem com a música, em-si. Outras cantoras me deixam alegre quando as escuto, e, tão esforçadas, penso que um dia compreenderei o  que desejam transmitir além daquilo que simplesmente cantam. Tenho uma queda pela Leila Pinheiro. Recentemente, descobri Fabiana Cozza. Mas vivo e sobre-vivo da completude de Betânia.

            Nada existe, porém, neste mundo ou no cosmos, nem próximo, nem perto, que se compare, que se pareça, ou possa lembrar Dalva. Que, “era uma mulher de verdade”. Nada.  Essa minha apaixonada certeza vem daquelas razões “que a própria razão desconhece”. Razões moucas, razões loucas, razões cínicas; ocultas, imprevisíveis, temerárias; irresponsáveis, indecifráveis, incuráveis, por-tanto eternas; fundeadas nas profundezas cegas de um coração  recalcitrante no amor desiludido, desencantado, desenganado, sozinho e para todo o sempre abandonado, alimentando-se da cretinice involuntária do se pretender incompreendido, quando é, sim, covarde, por não suportar a verdade de ter se, ou de ter sido... enganado. Não há castigo maior Quê amar. Amar-Quem, por maldade, talvez vingança, sem respeito e comiseração, nem mesmo lhe disse “Vou pra não voltar”.

            Não apelem para as supremas Piaf e Callas. Deusas e estrelas não nasceram para comparações. Elas devem ser adoradas, cada qual em seu canto, com os seus encantos, aguardando as nossas preces tardias, Lá e Longe, no vazio do Céu das Doces Ilusões Perdidas. Tampouco me tragam lembranças de Elis, que foi, sim, uma grande cantora. Dalva foi mais que cantora e mais que intérprete. Porque há grandes cantoras que não são grandes intérpretes, vice e versa. Enquanto o cantar nos faz ouvir, interpretar nos faz sentir. Juntar esses belos dons, em sintonia e sincronia, as cordas vocais e as artérias coronarianas, corpo e alma, unidos no Tempo do Infinito, no mesmo ritmo e compasso, em plena harmonia espontânea, de um Instante-sem-Fim... não é para qualquer ser. É preciso ser-mais Quê ser-humano. É Ser-pré-destinado. É Ser-Divino. Elís sempre me pareceu sofrer para dentro, sozinha, na clausura. Dalva...franqueava, compartilhava a sua dor, fazendo-nos sofrer junto a … com Ela.

            Dalva, cujo nome revela a incapacidade de tramar, de mentir e sonegar sentimentos, jamais prometeu algo que não desejasse ou pudesse dar. Olhem os seus olhos, e enxerguem no seu olhar aquilo que todos os loucos... procuramos, mesmo sabendo que o Destino não nos permitirá encontrar. Mas, necessitamos do estar-procurando. Ao ouvir Dalva cantando e vê-la no palco, com os seus cabelos desgrenhados, maquiagem borrada, seu rosto se desfigurando em tantos sofrimentos que vêm tomando a sua face, e os seus lábios suplicando, e os seus braços conduzindo para o alto aquelas suas mãos frágeis e pedintes… E Ela vai ficando translúcida, vai ficando… etérea…espectro de camadas levemente sobrepostas de sentimentos hialinos, perdidos, inalcançáveis...E Tudo mais é pequeno, vulgar, desprezível, egoísta, humano, ordinário, desnecessário.

 

                Eduardo Romero Marques de Carvalho – advogado
 

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