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João do Pife, Patrimônio Vivo de Pernambuco, celebra 70 anos de música com apresentação cultural gratuita no Alto do Moura, em Caruaru


Por: REDAÇÃO Portal

Show marca a gravação do novo álbum do mestre do pife, com lançamento gratuito em vídeo e plataformas digitais pelo selo Matinada Records

05/05/2025
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Show marca a gravação do novo álbum do mestre do pife, com lançamento gratuito em vídeo e plataformas digitais pelo selo Matinada Records

O Alto do Moura, o maior polo de arte figurativa da América Latina, situado em Caruaru, agreste de Pernambuco, vai se transformar em palco de celebração e memória no próximo sábado (17/5). O mestre João do Pife, um dos nomes mais respeitados da cultura popular nordestina, celebra seus 82 anos de vida e 70 anos de música, com uma apresentação cultural gratuita para o público de todas as idades. O evento também marca a gravação, ao vivo, do novo álbum "João do Pife e o Mundo Todo", que será lançado pelo selo Matinada Records. A apresentação será às 19h, na rua da Galeria Grão de Barro, e reunirá convidados especiais em uma noite que reafirma a importância do artista como patrimônio vivo do Brasil.

Ao lado de João, o palco reunirá nomes que representam diferentes gerações da música popular nordestina. A musicista e compositora Vitória do Pife, discípula direta do mestre, traz ao evento sua pesquisa autoral e seu trabalho como luthier e educadora. O maestro Mozart Vieira, reconhecido por sua atuação com projetos de formação musical no interior de Pernambuco e criador da Orquestra de Pífano de Caruaru, também participa do projeto. A celebração artística contará com estrutura de acessibilidade, incluindo tradução em Libras.

O sanfoneiro Rodriguinho do Acordeon, artista da Zona da Mata Norte, acrescenta ao espetáculo a linguagem do forró pé-de -serra. Alexandre do Pife, filho de João, também sobe ao palco, representando a continuidade familiar da Banda Dois Irmãos. Completando o grupo, o projeto dois mestres caruaruenses na arte do pife, Biu do Pife e Zal do Pife estarão na celebração.

Antes do show, o público poderá participar de uma visita guiada à Galeria Grão de Barro, marcada para às 16h30, conduzida pelo próprio artista Ratinho. Localizada na Travessa Mestre Vitalino, no coração do Alto do Moura, a galeria oferece uma imersão no universo do artista e suas criações que são a contemporânea cerâmica do Alto do Moura.

Entre peças moldadas em barro cru, esculturas com elementos inusitados, como ossos bovinos e dentes caprinos, e paredes que respiram arte, os visitantes conhecerão o ateliê onde Ratinho cria suas obras e ouvirão as histórias que inspiram seu trabalho. A visita conecta a música de João do Pife com o barro, duas práticas vitaliniana, revelando ao público o diálogo entre o som do pífano e a arte que nasce da terra.

Como resultado dessa apresentação cultural, será lançado, em setembro deste ano, o álbum “João do Pife e o Mundo Todo", reunindo as quinze faixas inéditas apresentadas no show. O projeto inclui, ainda, a produção e gravação em vídeo e distribuição gratuita nas principais plataformas de streaming. Toda a produção é assinada pelo selo Matinada Records – o Som de Pernambuco, iniciativa dedicada a fomentar a música de raiz nordestina e a valorizar mestres da cultura popular, que em 2024 lançou o cirandeiro Mestre Biloco e a Ciranda dos Cangaceiros, do município de Goiana, na Zona da Mata Norte e, agora, no Agreste com João do Pife e seus convidados. 

"Registrar, guardar e dar vida à musicalidade pernambucana feita por mestres e mestras da cultura popular, essa é a alma do Matinada Records", define o produtor fonográfico Alexandre Veloso, criador do selo. "Depois do sopro ancestral do pife de Seu João, é a vez do baque do maracatu rural de Mestre João Paulo, de Nazaré da Mata, ecoar em nosso acervo."

Sobre João do Pife - Natural do sítio Xambá, em Riacho das Almas, João Alfredo Marques dos Santos nasceu em 20 de junho de 1943 e iniciou sua trajetória musical ainda criança, tocando ao lado do pai e do irmão em novenas e festas religiosas. 

A tradição da música de pífano em sua família já soma cinco gerações. A Banda de Pífanos Terno da Zabumba, fundada por seu pai em 1928. Após a morte do pai, João e o irmão Severino formaram a banda Dois Irmãos e tornaram-se referência nacional e internacional . Hoje, João continua à frente do grupo, tocando com seus descendentes e continuando a tradição.

A banda possui dois álbuns gravados.  Sendo  o primeiro projeto fonográfico, intitulado Flutes From Brazil, gravado na Inglaterra, e o segundo, João do Pife e Banda Dois Irmãos, foi lançado no Brasil. Agora, João se prepara para lançar seu terceiro disco, composto por ele, e que será captado, ao vivo, durante a apresentação  de sábado.

Além de músico, João é luthier e artesão. Desde os 16 anos, ele fabrica pífanos e tambores. Trata o bambu, perfura, afina e lixa cada pífano. Para os tambores, retira a madeira da floresta, produz os aros, trata a pele de bode e monta todo o instrumento, incluindo as baquetas, em sua oficina no Bairro do Salgado, em Caruaru. Todo o conhecimento foi transmitido por seu pai, em um processo que mistura técnica, ancestralidade e resistência.

Como compositor, João do Pife já escreveu mais de 50 músicas, entre baiões, xotes, marchas, valsas e cirandas. Vinte delas estão registradas em álbuns anteriores, e outras 25 composições inéditas aguardam gravação. Sua produção se mantém fiel às tradições do Agreste e carrega a essência da música nordestina.

O projeto tem incentivo do Governo de Pernambuco, por meio da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Funcultura, e é assinado pela Matinada Records – o som de Pernambuco, selo voltado à difusão da música tradicional nordestina. O novo álbum será lançado em setembro, nas plataformas digitais.

João também é mestre formador, reconhecido nacional e internacionalmente. Já ministrou oficinas em várias regiões do Brasil e em países como França, Portugal, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra, Holanda, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Estados Unidos. 

Na Califórnia, passou mais de três meses como professor convidado da Universidade da Califórnia. Sua contribuição vai também está presente  em formar novas bandas, ensinar a construção de instrumentos e inspirar gerações com sua sabedoria.

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