Marília pode pagar preço alto por esconder o PT e Lula na campanha

Alçada candidata a prefeita por força de uma "intervenção branca" do diretório nacional do PT recifense, tendo como principal fiador o ex-presidente Lula, Marília Arraes (PT) encontra-se numa situação delicada na eleição deste ano. Ao ignorar os principais símbolos do partido - a estrela amarela - e seu padrinho político nas peças de campanha, a postulante pode perder apoio dos "mandachuvas" petistas e ficar à própria sorte na corrida eleitoral, vendo minguar suas chances de ir ao 2º turno.

Tudo isso decorre pelo fato de a candidata a prefeita pelo PT estar de olho no eleitorado de centro-direita no Recife, que tem verdadeiro desprezo ao Partido dos Trabalhadores. Esconder Lula e o PT poderia "facilitar" a inserção de Marília Arraes nesse espectro político e, assim, converter eventuais simpatizantes que iriam para os braços da delegada Patrícia Domingos (Podemos) ou até mesmo para Mendonça Filho (DEM). O objetivo dessa estratégia é carimbar passagem dela para o 2º turno, possivelmente contra o candidato João Campos (PSB).

Segundo informações de bastidores, Marília Arraes teria dito a aliados que “é preciso avaliar melhor” a participação de Lula em sua campanha, ajustando a presença de seu padrinho político no decorrer da corrida eleitoral com as perspectivas de novos apoios além do campo da esquerda no Recife.

Ao longo deste ano, a postulação de Marília Arraes foi rejeitada pelo diretório municipal do PT. Na última reunião da direção do PT Recife, em junho, 85% dos dirigentes foram favoráveis à manutenção da aliança com a Frente Popular, sob o argumento de unir o campo progressista para barrar o avanço do bolsonarismo no Recife e no Brasil. Porém, a decisão da instância recifense foi "atravessada" pelo PT Nacional, que impôs o nome de Marília na eleição deste ano.

O resultado é: dos 39 candidatos a vereador do PT no Recife a maioria ainda não entrou "de corpo e alma" na campanha de Marília Arraes.