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Política

PODER ARGUMENTATIVO


Por: Aldo Vilela

“Se justificam mentindo com pretextos enganosos, e com rodeios fingidos”. (Gregório de Matos)

“Se justificam mentindo com pretextos enganosos, e com rodeios fingidos”. (Gregório de Matos)

Foto: Divulgação

27/11/2020
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Berço da democracia, Atenas viveu seu momento de apogeu, onde aos poucos foi se distanciando do período da cosmogonia e da teogonia e fortalecendo a Pólis. Mas com o crescimento da Pólis, ampliaram-se os problemas, onde os debates nas assembleias cada vez mais se tornaram imprescindíveis. Foi naquele contexto, que surgiram os mestres da argumentação, chamados de sofistas. Entre eles, destacam-se Górgias, Hípios, Pródico e Protágoras.
     Com argumentos recheados de relativismo, os sofistas encantavam a todos com seu poder persuasivo. Porém, há aqueles que defendem que o declínio da Pólis se deu justamente por conta da falta de compromisso com a verdade em seus argumentos. Não foi debalde que sofreram ferrenhas críticas, principalmente oriundas de Sócrates e Platão, vez que, os sofistas além de não acreditarem na verdade, também não tinham preocupação com os problemas da cidade, mas apenas com o poder da retórica visando alcançar sucesso. Entretanto, calúnia, difamação e injúria não faziam parte nos arrazoados dos sofistas. 
     Uma das marcas da democracia é a pluralidade de ideias, onde naturalmente faz nascer posições antagônicas, sem que as mesmas se tornem empecilho para o amadurecimento da instituições. Pelo contrário, a divergência contribui para o crescimento da sociedade. Contanto que haja respeito entre as partes. Algo que infelizmente anda faltando em nossos dias, principalmente no campo da política partidária. Às vezes os ataques pessoais, se tornam refúgio para esconder a falta de consistência da parte do candidato. A ausência do debate fragiliza a oportunidade do eleitor de se inteirar das propostas daqueles que se apresentam com o intuito de exercer um mandato alcançado por intermédio do sufrágio. Mas se lhe é concedido espaço para apresentar propostas e não a faz, caberá ao eleitor repudiar tal comportamento. Divergir não é crime, pelo contrário, demonstra maturidade de uma sociedade. Crime é utilizar práticas antirrepublicanas para alcançar um objetivo pessoal.

Hely Ferreira é cientista político.

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