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Política

RENOVAÇÃO, TRAIÇÃO E CONTINUÍSMO


Por: Aldo Vilela

“As agruras de nossa irada e soberba condição humana são eternas, e como tais permanecerão”. (Housman)

 “As agruras de nossa irada e soberba condição humana são eternas, e como tais permanecerão”. (Housman)

Foto: Divulgação

08/01/2021
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Passado o período eleitoral, fica a lembrança de disputas
acirradas e uma polarização com características maniqueístas.
De um lado aparecem candidatos que são apresentados como
representantes de propostas de renovação política
administrativa. Com o discurso aparentemente inovador, e se
o candidato for jovem, as propostas reverberam com bem
mais pujança. Acontece que a renovação não se limita e nem
se encontra inerente à certidão de nascimento de nenhum
candidato. Muitas vezes, o novo representa o velho. O que se
tem é o continuísmo travestido de novidade, recheado de
plasticidade para tentar encantar e seduzir o eleitor.
Representar o continuísmo, para muitos é tarefa fácil,
principalmente quando se encontra rodeado de asseclas que
vivem da mesa pública, voando sempre como ave de rapina,
onde entra governo e sai governo e os abutres continuam, em
uma clara demonstração de que tudo permanecerá do mesmo
jeito. A perpetuação impede que novos quadros oxigenem a
máquina pública, fazendo com que elas se alimentem do
sobejo público. É justamente por aí que se constrói a traição,
pois muitos apoiam candidaturas, na esperança de receber
algum tipo de mimo oriundo do candidato vencedor. Como
disse Feuerbach, às relações humanas são baseadas em

interesses. Basta passar o período eleitoral para que se perceba
o aparente “esquecimento” com quem até pouco tempo era
lembrado e procurado pelos candidatos. Geralmente, o quadro
administrativo é montado não por currículo ou perfil, mas
pelos acordos. O Cardeal Richelieu já alertará que traição em
política é questão de tempo. A mesma se torna mais
contundente quando acontece rapidamente e oriunda de onde
não se espera. Mas se alguém prefere utilizar o tempo para
uma boa leitura ao invés do reality show, saberá que na obra
mais popular de Maquiavel ele disse que “... teus inimigos são
todos os que se julgam ofendidos com o fato de estares
ocupando o principado; e do mesmo modo não podes ter por
amigos os que te colocaram, porque estes não podem ser
satisfeitos como desejavam”. Ai do governante que abandona
os velhos aliados, pois o poder é efêmero e quando acaba o
que lhe resta é o ostracismo, pois quem abandona os amigos,
jamais terá a confiança dos inimigos.

Hely Ferreira é cientista político.

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