Coluna especial | Papa Leão XIV: um novo Pedro construindo pontes
Permita-me, caro leitor, escrever umas breves palavras sobre a eleição do cardeal Robert Francis Prevost, como 267º sucessor de São Pedro, adotando o nome de Leão XIV. Ao ser eleito um novo sumo pontífice, importante ficar atento aos sinais de como será seu pontificado pelos primeiros movimentos, gestos e palavras. Leão XIV já fez dois deles: a escolha do nome e seu primeiro discurso após a eleição.
O primeiro deles é a escolha do nome. Leão remonta ao último predecessor Leão XIII, que governou na transição do século 19 para o 20, com um pontificado longo de 25 anos e foi um papa voltado para o social, sobretudo o combate à escravidão no Brasil e a famosa encíclica Rerum Novarum (Das coisas Novas – 1891), que abordava as questões mais delicadas do relacionamento entre empregado e patrão, como o salário justo, o limite da jornada de trabalho, o trabalho insalubre, o trabalho da mulher e o da criança. Ao mesmo tempo, Leão era um importante confidente de São Francisco de Assis, nome adotado pelo último papa. Leão acompanhou Francisco nos momentos mais difíceis da vida do santo de Assis. Foi seu confessor, enfermeiro e um fiel amigo. Muitas das similaridades entre Prevost e Bergoglio, que o fez cardeal e prefeito do Dicastério para os bispos.
No segundo movimento, estão suas palavras iniciais após a eleição. Do alta do balcão de São Pedro, o novo papa inovou em seu dicurso ao falar em dois idiomas. Falou várias vezes de paz, da paz do Ressuscitado, pediu pela paz no mundo. Deixando evidente que isso fará parte de sua agenda. Leão também sinalizou uma resposta ao colégio de cardeais, que, já nas congregações gerais, reuniões que antecederam o conclave, traçaram um papa construtor de pontes. Fez um agradecimento ao seu antecessor, o papa Francisco, e deu a senha da continuidade: “Permitam-me dar continuidade a essa mesma bênção: Deus nos ama, Deus ama todos vocês, e o mal não prevalecerá”. Essa mesma linha deverá ser adotada na homilia da missa inaugural, sem data ainda para ser realizada.
Por fim, ter falado em espanhol, saudando sua antiga diocese de Chiclayo, no Peru, país de onde, depois de muitos anos morando, recebeu a cidadania e tornou-se cardeal. Mostra proximidade às realidades mais longínquas da igreja longe da Cúria Romana. Ter vivido isso na própria pele era outro desejo dos cardeais nas preparações antes da eleição. Para concluir, o papa voltou, hoje, à Capela Sistina, onde foi eleito com os cardeais, para uma missa em ação de graças por sua eleição, iniciou o sermão em inglês, sua língua mãe, e falou: “estou feliz por estar aqui com vocês, meus irmãos. Vocês me chamaram para carregar uma cruz. Gostaria que vocês caminhassem comigo porque somos a Igreja”, chamando o colégio de cardeais para ajudá-lo neste ministério petrino.
Elielson Lima, do Vaticano, 9 de maio de 2025, um dia após a eleição do novo papa.
