A viagem de Bolsonaro a Índia
A Índia é importadora de gasolina e poderia melhorar a sustentabilidade ambiental de suas cidades com o etanol, economizando divisas na importação dos fósseis.

Renato Cunha*
A Índia e o Brasil são os maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo. Em 2019, nosso país exportou U$ 96,8 bilhões de origem agropecuária, o equivalente a 43,2% do total produzido, sendo a Ásia um maior destino com 49%.
Nos últimos anos, começamos a destinar cerca de 65% de nossa produção interna de matérias-primas (cana-de-açúcar), para a produção de etanol. Por conseguinte, a Índia passou a se constituir no maior produtor de açúcar, enquanto o Brasil cresceu no etanol. Atualmente, somos o segundo maior produtor em etanol, atrás dos Estados Unidos, assim como, o segundo maior em açúcar, atrás, porém não tão distantes da Índia.
Os indianos têm um programa opcional de mistura de etanol na gasolina de apenas 6%, enquanto no mundo inteiro, inúmeros países utilizam de 10% a 27%, sendo 27% o nível da mistura no Brasil, o que permite níveis adequados de respiração nas grandes cidades brasileiras e menores gastos com saúde pública.
A Índia é importadora de gasolina e poderia melhorar a sustentabilidade ambiental de suas cidades com o etanol, economizando divisas na importação dos fósseis. Se regulasse sua produção de açúcar, alternando com o Etanol, economizaria ainda os subsídios que destina a seus produtores de cana e do açúcar.
O Brasil, inclusive, entrou com um painel jurídico na OMC (Organização Mundial do Comércio), conjuntamente com Austrália e Guatemala, visando conter as exportações subsidiadas que os indianos têm realizado de forma desordenada, prejudicando o equilíbrio do mercado mundial do açúcar.
Na safra 2018/19 estimativas aferem que o crescimento das exportações de açúcar da Índia acarretaram prejuízos apenas para o Brasil, da ordem de 1,4 bilhão de dólares.
A Índia é a sétima maior área dentre os países no mundo e o segundo mais populoso país da terra. Sua classe média de consumo vai além de 350 milhões de pessoas. O presidente Jair Bolsonaro e sua equipe conseguiram assinar cerca de 15 acordos com aquele importante país, que vão de biotecnologia à redução de gases do efeito estufa, otimização de misturas dos fósseis com biocombustíveis, cooperações científicas, saúde com medicina tradicional e homeopatia, geologia e recursos minerais, dentre outras.
O primeiro ministro indiano Narendra Modi, em seu discurso falou que “nossos dois países são democracias em desenvolvimento, com ideologias próximas e valores similares, o que os credencia para atuarem em parcerias internacionais.
A indução para uma produção constante de etanol na Índia, consolidaria um mercado global da "commoditiy", com no mínimo três grandes produtores, tais como: Estados Unidos, Brasil e índia, num processo cada vez maior de inovação incremental em produções tecnológicas limpas de agroenergias, geradoras de empregos , renda e sustentabilidade.
*Renato Cunha é presidente -Sindaçúcar Pernambuco e presidente-executivo da Novabio
** Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do Movimento Econômico
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