Covid-19 está levando hospitais à falência
Pedido de socorro dos hospitais é a maior ironia da pandemia

Foto: Leitos vazios e sem repasses, hospitais pedem socorro/Foto: Silas Camargo/Pixabay
A maior ironia desta pandemia da covid-19 é que ela deve levar muitos hospitais à falência. Principalmente os de pequeno e médio portes. A suspensão de consultas e cirurgias eletivas impactou duramente esses estabelecimentos que, como os demais setores econômicos, enfrentam dificuldades para obter crédito.
De acordo com os Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp-SP), o prejuízo no setor pode chegar a R$ 18 bilhões, valor correspondente ao que os planos de saúde deixaram de repassar nos últimos três meses devido à suspensão das consultas e cirurgias.
O cenário fica mais nebuloso quando se observa que nas capitais, 97% do faturamento dos estabelecimentos vêm dos planos de saúde (no interior, o percentual gira em torno de 70%) e que 95% destes são coletivos (empresariais). Com a expectativa de elevação acentuada no número de desempregados, que vão migrar para o SUS, muitas clínicas e hospitais perderão clientes.
Pernambuco tem cerca de 1.600 clínicas e hospitais privados e 75% da rede hospitalar é formada por pequenas e médias unidades, com até 100 leitos. E muito estão sem condições de honrar até os salários. “No interior, muitos hospitais sofrem com a demora nos repasses dos recursos estaduais do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (SASSEPE). Já na capital, sofremos com o elevado ISS, de 4%, um dos mais altos do Brasil”, diz George Trigueiro, presidente do SindHos-PE.
Os grandes hospitais não sentiram tanto o impacto da pandemia porque receberam muitos pacientes com covid-19, direcionados pelos planos de saúde, sendo beneficiados ainda com novos leitos de UTI.
Conforme dados da Secretaria de Saúde estadual, dos 1.744 leitos efetivamente abertos pelo Governo de Pernambuco, 776 foram de UTI. Destes, cerca de 125 ficaram em unidades privados da capital, como Real Hospital Português, com 50 leitos, Hospital São Marcos (10), Hospital Santa Joana (05), por exemplo. Esses leitos não chegaram aos menores.
Portas fechadas
“Se em 2019, 560 hospitais fecharam as portas no Brasil devido a problemas relacionados à gestão, há de se esperar um impacto muito maior em 2020 com os problemas adicionais trazidos pela covid-19”, diz o consultor Fernando Murta, sócio da Essencial Consultoria, empresa que presta assessoria para o setor de saúde.
Além dos custos tradicionais, houve o acréscimo gerado pela necessidade de comprar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que chegaram a subir até 800%.
Empresários do setor reclamam que os recursos gastos com hospitais de campanha poderiam ter sido direcionados para unidades hospitalares já existente, otimizando as estruturas, gerando fluxo de caixa e garantindo empregos. As estimativas de demissões no setor batem na casa dos 350 mil no país.
“Só as Organizações Sociais (OS) ganharam dinheiro nesta crise. Foram mais 700 leitos de UTI em hospitais de campanha, enquanto os nossos ficaram vazios”, diz um dono de hospital.
Para tentar ajudar os donos de hospitais, o SindHosp fará, nesta segunda-feira, uma reunião com a Caixa Econômica Federal para discutir o acesso ao Pronampe. Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) estima que as receitas dos hospitais devem cair em torno de 30% a 40% neste ano.
Para Trigueiro, o poder municipal poderia ajudar o setor trocando o ISS por serviço. “Os hospitais podem fazer mutirões de cirurgias represadas e exames, atendendo, inclusive, à massa de desempregados que vai migrar para o SUS”, sugere.
Ajuda
“As empresas vão realmente precisar de ajuda se quiserem sobreviver a esta crise. Modernizar sua gestão e utilizar recursos tecnológicos são passos fundamentais para a sobrevivência”, orienta Murta.
“Administrar um hospital é algo muito complexo. Há unidades que chegam a comprar 85 mil itens por mês e muitas não possuem um bom sistema de gestão. Acabam perdendo dinheiro. Mesmo as pequenas clínicas enfrentam esse tipo de dificuldades”, completa.

O planejamento econômico-financeiro é a ferramenta que ajuda a organizar a gestão. E as consultorias apostam em três pilares importantes para a saúde do negócio: gestão de processos, gestão estratégica de custos e terceirização e gestão de faturamento.
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