Chega ao Recife Eu, Capitu - espetáculo inspirado em obra machadiana, aos moldes contemporâneos

Bastou ao produtor Felipe Valle assistir, indiretamente, a um episódio de violência doméstica - em que não conseguiu intervir e ainda teve a denúncia recusada pela polícia - para decidir pela produção de Eu Capitu, dentro do imaginário de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis sobre machismo e silenciamento feminino. Depois de uma temporada bem-sucedida no CCBB do Rio de Janeiro, sucesso de crítica e público, o espetáculo de cunho machadiano fica agora em cartaz na Caixa Cultural Recife, sexta, 19, e sábado, 20, sempre às 19hs.

Na direção, Miwa Yanagizawa, convidada a participar do projeto pelo produtor Felipe Valle, dá a liga à leitura contemporânea da obra de Machado de Assis, com texto de Carla Faour. O espetáculo lança olhar às questões da família, relacionamento e gênero e dá voz às mulheres, costurando realidade e ficção, presente e passado, em tonalidade delicada e poética.

Aqui, a personagem Capitu, do clássico Dom Casmurro, plasmada no imaginário literário e simbólico brasileiro, ao invés de ser revisitada, participa de novas narrativas ligas à trama dos dias atuais. Em cena, Flávia Pyramo e Marina Provenzzano contam a história da adolescente Ana, que desde pequena, tem por hábito se isolar em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, vive um relacionamento abusivo com o marido e a tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina, que precisa de boas notas em Literatura para não repetir o ano.

A prova final será em cima da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente a garota, que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua vida.

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