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Direção nacional do PT sinaliza com o mesmo erro de 2012


Por: Aldo Vilela

A decisão tomada pelos delegados do PT do Recife durante reunião do diretório municipal, neste domingo (28)

A decisão tomada pelos delegados do PT do Recife durante reunião do diretório municipal, neste domingo (28)

Foto: Divulgação

29/06/2020
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A decisão tomada pelos delegados do PT do Recife durante reunião do diretório municipal, neste domingo (28), coloca a instância partidária na mesma "encruzilhada" vivida em 2012. Novamente dividido, dessa vez entre ter candidatura própria à Prefeitura do Recife ou manter aliança com o PSB, apoiando João Campos (PSB), a legenda dá demonstrações de que parou no tempo e não superou as divergências internas. A impressão que fica nos observadores políticos é que o partido não assimilou as consequências da fratura interna exposta no racha protagonizado há oito anos. De resultado, mais uma vez a direção municipal poderá sofrer nova intervenção e deverá ter que "baixar a cabeça" perante a determinação do PT de Gleisi Hoffmann e José Guimarães, que querem lançar de Marília Arraes à Prefeitura do Recife.

A posição dos 37 delegados em prol da aliança com o PSB cria dificuldades para a pré-candidata Marília Arraes (PT) dentro do partido. Nos bastidores, o que se comenta é que a pré-candidata orientou seus delegados a não participarem da reunião justamente por entender que lá não se formaria maioria em torno de sua postulação. Para não abraçar a derrota e ter que recorrer à direção nacional para garantir a manutenção de sua candidatura, Marília teria preferido não botar o time em campo para marcar posição. Com isso, ficou latente a total falta de diálogo entre os grupos. Nessa briga entre os caciques, quem perde são a militância política e a base social.

A estratégia da direção nacional, capitaneada por Gleisi e José Guimarães, de lançar o maior número possível de candidaturas próprias a prefeituras, sobretudo nas capitais, para romper isolamento que o partido vive nacionalmente está criando um baita entrave nas hostes recifenses. Como em 2012, o diretório no Recife atual não estaria disposto a "engolir" determinação da direção nacional sem qualquer anuência do diretório municipal. Naquele ano, o ex-prefeito João da Costa, que tinha direito à reeleição, venceu as prévias internas contra Maurício Rands, mas acabou sendo alijado pelo próprio partido. O PT nacional indicou Humberto Costa e o resto é história. Geraldo Julio (PSB) se elegeu e, quatro anos depois, se reelegeu, dessa vez contra João Paulo, hoje no PCdoB.

O recado de 2012 parece não ter sido bem entendido tanto pelo PT Recife e pela direção nacional. Uma campanha municipal é feita, essencialmente, de fatos locais, a partir dos anseios da população. É a campanha onde os problemas das cidades são postos à baila para serem discutidos, e não nacionalizados, como pretende fazer a direção nacional do PT. Além disso, Gleisi, José Guimarães e turma "da nacional" não tem capital político para colocar a mão na cabeça de Marília e transferir votos. Nem Lula, que saiu no auge ao encerrar seu segundo governo, elegeu a sucessora - a ex-presidente Dilma Rousseff -, tem mais. Basta rever os resultados de 2014 e 2016, quando o PT apoiou Armando Monteiro (PTB) ao governo de Pernambuco e, depois, bancou João Paulo à Prefeitura do Recife. O PT, tanto do Recife quanto o grupo nacional, precisa amadurecer e acertar seus ponteiros com o tempo político.

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