Colégio particular do Recife sugere “trajes típicos” para alunos vestirem em mostra sobre africanidade
Colégio reconheceu o erro e pediu desculpas
Foto: Reprodução / G1
O Colégio Marista São Luís, localizado no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife, enviou um comunicado aos pais dos alunos do 4° ano do Ensino Fundamental sugerindo trajes típicos para as crianças vestirem em uma feira de conhecimento sobre a africanidade. A recomendação incluía fotos de inspiração com turbantes, tranças nagô e pinturas corporais.
Em entrevista ao G1, a pedagoga Dayse Rodrigues destacou que, embora a feira de conhecimento seja positiva, as sugestões de trajes que estavam no comunicado poderiam gerar "blackface", que é quando uma pessoa pinta a pele para se “fantasiar” de pessoa preta. Além disso, a ideia de "trajes típicos" reforça o estereótipo de que existe um estilo de roupas específico para pessoas negras, o que configura como racismo estrutural.
Por nota, o Colégio Marista afirmou que não existiu a intenção de orientar os estudantes a realizar qualquer ação racista, mas que reconhece que o comunicado não transmitiu de forma assertiva o objetivo do projeto. A instituição pediu desculpas e garantiu que sempre vai "atuar em prol de uma educação antirracista".
Confira a nota na íntegra:
O Colégio Marista São Luís, de Recife, se posiciona veementemente contra todos os tipos de preconceito e exclusão social. Enquanto Maristas, temos a inclusão e a acolhida como valores irrevogáveis, e nos comprometemos totalmente com o cumprimento da Lei 10639, de 2003, oferecendo um currículo integral e integrado que valoriza a identidade negra e promove o combate ao racismo estrutural. Sob nenhuma hipótese tivemos a intenção de orientar estudantes, educadores ou famílias a realizarem qualquer ação que possa ser considerada racista, que violente ou estereotipe grupos historicamente discriminados em nossa sociedade.
A atividade em questão, chamada Mostra Marista do Conhecimento, é uma ação pedagógica e extracurricular que convida os estudantes a pensarem e refletirem sobre a importância da herança africana, que ajudou a moldar a identidade do povo pernambucano por meio de aspectos como a música e a culinária, por exemplo. O projeto é realizado ao longo de todo o ano letivo e permeia várias práticas pedagógicas para aprofundar diversas temáticas, entre elas a Africanidade, abordada pelo 4º ano do Ensino Fundamental. Ela materializa o nosso compromisso social com o desenvolvimento de uma consciência crítica, contribuindo para a formação de cidadãos preparados para atuar de forma justa e solidária na sociedade.
Reconhecemos que o comunicado enviado às famílias não transmitiu de forma assertiva o objetivo e amplitude do projeto. Pedimos nossas sinceras desculpas a todos que potencialmente ficaram ofendidos pelo texto. Garantimos que sempre atuaremos em prol de uma educação antirracista, com práticas pedagógicas que abordam a diversidade e o respeito às diferenças. Seguimos sempre dispostos ao diálogo em busca de melhores caminhos para a formação humana e integral de nossos estudantes.
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