Jovem baleado por delegado em Fernando de Noronha se defende de acusações de assédio

O locador de barracas de praia Emanuel Pedro Apory, de 25 anos, que foi baleado na perna direita pelo delegado afastado Luiz Alberto Braga após uma briga no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha, rebateu as acusações de assédio à acompanhante do policial e disse que está “lutando pela vida". As declarações foram dadas em um vídeo encaminhado à TV Globo.

“Eu vi na mídia como se eu fosse um tipo de abusador. Em momento nenhum eu falei algo com ela (a mulher do policial), nem (com) ele (delegado Luiz Alberto). Eu vi, desde o começo, que ela estava acompanhada. Eu já estava indo para casa. Fiquei surpreso quando ele me abordou e me virou em direção à árvore. Perguntei: o que eu fiz? O delegado respondeu: você está me tirando desde cedo. Eu respondi: não fiz nada", relatou o jovem.

Após levar dois tiros na perna e ser atendido no Hospital São Lucas, ainda em Fernando de Noronha, Emanuel foi encaminhado em uma UTI aérea para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, onde passou por cirurgia para correção de uma fratura exposta. Ele segue internado com quadro de saúde estável e, de acordo com a assessoria de comunicação do HR, está sendo acompanhado por uma equipe multiprofissional.

No vídeo, Emanuel Apory mostrou a perna ferida e comentou: "olha a situação que eu me encontro agora, não consigo nem movimentar a perna".

O caso

Toda situação aconteceu na madrugada da última segunda-feira (5), enquanto uma festa ocorria no Forte dos Remedios. Imagens do circuito de segurança mostram quando o delegado Luiz Alberto Braga dispara duas vezes contra Emanuel Apory, após uma briga que, segundo testemunhas, teria sido motivada por ciúmes. Antes, o policial esperou o rapaz na porta de um banheiro, mostrou o revólver e empurrou Emanuel para o canto da parede. 

O jovem revidou a agressão e empurrou o delegado. Foi então que o policial civil fez os dois disparos com o revólver, atingindo Emanuel Apory na perna direita. 

Afastamento

Um dia depois do ambulante ter sido baleado, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afastou o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz por 120 dias, por meio da portaria nº 2705/2025, publicada em edição extra do Boletim Geral. A SDS também determinou o recolhimento da identidade funcional, da arma e de outros materiais de trabalho que estejam com o delegado. No entanto, Luiz Alberto já havia entregue a arma quando se apresntou à Polícia Civil de Pernambuco. 

O delegado vai responder em liberade ao Processo Administrativo Disciplinar Especial (PADE) instaurado pela Corregedoria da Secretaria da Defesa Social para acompanhar as investigações, conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em nota enviada à CBN Recife, a Secretaria de Defesa Social disse que "toda a apuração seguirá com transparência, assegurando o devido processo legal e a ampla defesa, como determina a legislação".

Anteriormente, a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) havia se manifestado em defesa de Luiz Alberto, alegando que o delegado tinha atuado “em legítima defesa". Ele estava à serviço em Fernando de Noronha, substituindo o delegado titular.