Polícia Civil indicia Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro e organização criminosa

A Polícia Civil de Pernambuco indiciou o cantor Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro e organização criminosa, em meio às investigações da Operação Integration, deflagrada no dia 4 de setembro em seis estados do país.

Mais detalhes da investigação foram apresentados durante o programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (29). No total, a operação conta com 53 alvos, como a influenciadora digital Deolane Bezerra, sua mãe, Solange Bezerra, além de empresários e bicheiros. 

Na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima em Goiânia (GO), foram apreendidos R$ 150 mil. Também foram encontradas 18 notas fiscais emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções - que segundo a Polícia, seria a Vai de BET.

A Polícia Civil de Pernambuco acredita que o dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais - que superam R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz - são dois indícios de lavagem de dinheiro.

Gusttavo Lima também é suspeito de negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados a jogos ilegais. Inclusive, a investigação aponta que um avião da Balada Eventos foi vendido duas vezes no período de um ano.

A primeira venda foi realizada em 2023, por US$ 6 milhões à Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, um dos investigados na Operação Integration e, segundo a polícia, pertencente a uma família de bicheiros na capital pernambucana.

No entanto, a investigação mostra que o contrato e o distrato foram da aeronave foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023, e que o laudo que apontou falha mecânica, motivo para cancelamento da compra, só saiu no dia 29 de junho.

A segunda venda ocorreu em fevereiro de 2024, para a  J.M.J Participações, de José André da Rocha Neto - outro alvo da investigação - por R$ 33 milhões, e também envolveu um helicóptero pertencente à empresa de Gusttavo Lima.

O inquérito aponta que as empresas que compraram as aeronaves utilizavam tanto dinheiro legal quanto valores ilícitos, fruto do jogo do bicho e de jogos de azar. A organização, por tanto, tinha o objetivo de dar aparência legal às transações.

O que dizem as defesas

A defesa do cantor Gusttavo Lima nega todas as irregularidades apresentadas. Na última segunda-feira (23), o artista chegou a ter a prisão preventiva decretada por supostamente proteger José André da Rocha Neto e esposa, investigados na Operação Integration, mas a decisão foi revogada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na terça-feira (24). 

Já a defesa de Darwin Filho explicou que a transação de cancelamento da compra do avião do cantor sertanejo foi lícita.

E a defesa de Rocha Neto disse que as notas sequenciais da PIX365 emitidas à empresa de Gusttavo Lima são pela prestação de serviço do cantor à Vai de Bet, da qual ele tem direito a 25% da marca. Sobre a negociação de aeronaves, a defesa alega que o helicóptero foi usado como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.

Após o término do inquérito, agora cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não Gusttavo Lima à Justiça.

Show cancelado

O cantor Gusttavo Lima cancelou um show que faria em Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, na próxima quinta-feira (2). A empresa Balada Eventos e Produções, contratada para apresentação do artista, receberia o cachê de R$ 1,1 milhão, como consta no Diário Oficial do Município. O documento foi assinado pelo atual prefeito, Fabiano Jaques Marques, em 6 de setembro, e publicado no dia 23.

Segundo a empresa, a apresentação foi cancelada em comum acordo com a administração de Petrolândia, e o evento deve ser remarcado para outra oportunidade. Gusttavo Lima retornou a agenda de shows em Marabá e Parauapebas, no sudeste do Pará, no fim de semana. Mas segundo sua assessoria, retornou para Miami, nos Estados Unidos, para ficar com a família.