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Sítio Arqueológico no Campus Recife da UFPE encontra artefatos do século XVII

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Por: REDAÇÃO Portal

A região era lugar de engenhos no auge do período de exploração a cana-de-açúcar no Brasil

A região era lugar de engenhos no auge do período de exploração a cana-de-açúcar no Brasil

Foto: Divulgação/UFPE

09/04/2024
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Cerâmica, louças, metais, ferraduras, pregos, material de construção e até escova de dentes. Todos esses artefatos, datados dos séculos 17 a 20, têm sido encontrados em um sítio arqueológico localizado bem no centro da Universidade Federal de Pernambuco, nas dependências do Campus Recife, na Zona Oeste da capital pernambucana.

A UFPE em Recife está sediada entre o Engenho do Meio e a região conhecida historicamente como Várzea do Capibaribe, região de engenhos no auge do período de exploração da cana-de-açúcar no Brasil. Por volta do século XIX, a Usina Meio da Várzea foi instalada no trecho do campus que hoje compreende a parte de trás do Complexo de Convenções, Eventos e Entretenimento (CCEE), o Arruado do Engenho do Meio e o Centro de Informática (CIn). Figuras como João Fernandes Vieira, um dos líderes da Revolução Pernambucana (1645-1654), também viveram no local. 

Segundo o professor titular do Departamento de Arqueologia da UFPE e pesquisador responsável pelo sítio, Scott J. Allen, a área escavada compreende a casa grande do Engenho do Meio.

"Temos séculos de ocupação nesse sítio e a casa grande testemunha todo esse tempo. Temos materiais arqueológicos recentes, escova de dentes, esse tipo de coisa, até as faianças mais antigas [faiança é um tipo de cerâmica branca, mais porosa que a porcelana]. Muita cerâmica, louças, faianças finas, metais, ferraduras, tachas, pregos, material construtivo. Tudo o que podemos imaginar que fazia parte ou da arquitetura ou do cotidiano dos séculos 17, 18, 19 e 20”, diz Scott.

Escavações haviam sido iniciadas na região na década de 1990, mas só tiveram seguimento em 2018, quando o Sítio Arqueológico passou a fazer parte das atividades propostas pelo Departamento de Arqueologia da Federal.

De acordo com o professor de História do Colégio Boa Viagem, Wellington Estima, a Várzea do Capibaribe era muito disputada pela elite local, e teve uma grande importância para a economia do açúcar no Recife. 

“Esse território é chamado de Várzea do Capibaribe por conta do rio que segue por toda a extensão do bairro, onde desde o século XVI há a instalação de engenhos de açúcar. Alguns historiadores apontam 11, outros apontam 16. Mas o fato é que são mais de 10 a começar a desenvolver a região, com o desenvolvimento de um povoado: a chamada Freguesia da Várzea, e com a produção de cana, que era escoada pelo rio Capibaribe em pequenas embarcações até o porto do Recife”, contou.

 

A importância dos sítios arqueológicos

No Recife, outros sítios arqueológicos trouxeram descobertas importantes para a cidade. Em meio às obras do Habitacional Pilar, na comunidade de mesmo nome, no Bairro do Recife, cerca de 150 mil vestígios foram encontrados: uma das maiores descobertas arqueológicas da história do Brasil, contanto com 135 ossadas e vários objetos para uso bélico, frascos e cerâmicas. 

Para o historiador Wellington Estima, os achados arqueológicos do sítio localizado na UFPE vão ajudar a compreender o processo de formação da região da Várzea do Capibaribe. Com a continuidade das escavações, novos itens podem ser encontrados nos próximos meses. 

“Os achados arqueológicos da Federal têm essa relevância porque vão inserir mais informações, através da Arqueologia, da análise comparativa com historiadores, com dados e fontes, sobre como se deu o processo de ocupação e a vida social (da região), concluiu.

Esta reportagem contou com material de áudio disponibilizado pela Universidade Federal de Pernambuco

Ouça a matéria completa do repórter Lucas Arruda no ‘Play’ acima.

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