Vereadores do Recife podem ser suspensos por vídeo capacitista e gesto obsceno contra Lula

Os vereadores do Recife Gilson Machado Filho (PL) e Thiago Medina (PL) são alvo de um processo administrativo (Nº 1808/2025) por quebra de decoro parlamentar, após publicarem nas redes sociais um vídeo classificado como "ofensivo e capacitista" pelo grupo de parlamentares que protocolaram o pedido: Cida Pedrosa (PCdoB), Jô Cavalcanti (PSOL), Liana Cirne (PT), Kari Santos (PT), Rinaldo Júnior (PSB) e Osmar Ricardo (PT).

Segundo consta no requerimento, protocolado nesta segunda-feira (5), o vídeo foi gravado pelos vereadores durante a sessão plenária do dia 29 de abril na Câmara Municipal do Recife. Nas imagens, Gilson e Thiago, parlamentares bolsonaristas, teriam feito insinuações de cunho sexual contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atingido a dignidade das pessoas com deficiência.

O vídeo faz referência ao acidente de trabalho sofrido por Lula enquanto operário, que resultou na amputação de um dedo da mão esquerda. Os vereadores do Recife que protocolaram o pedido de abertura do processo administrativo ressaltam que, logo após a publicação do vídeo, Thiago Medina (PL) reforçou a atitude preconceituosa em uma publicação no X.

Foto: Reprodução/X

Como punição, com base no artigo 35 do Regimento Interno da Câmara Municipal do Recife, o grupo de vereadores pede que Gilson Machado Filho e Thiago Medina sejam advertidos ou suspensos do exercício parlamentar por até 30 dias. O artigo prevê que a suspensão seja concedida:

I - por incapacidade civil absoluta declarada por sentença transitada em julgado; ou

II - por falta de decoro parlamentar durante as reuniões plenárias.

O que diz o vereador Thiago Medina (PL)

Procurado pela reportagem da CBN Recife, o vereador Thiago Media (PL) disse que ainda não foi notificado de nenhum processo administrativo. Mas ele acredita que a situação tenha sido pautada pelo grupo de vereadores para servir como “cortina de fumaça” ao anúncio da coleta de assinaturas para instauração da CPI do Parque Eduardo Campos.

“ (...) Fica claro que trata-se de mais uma manobra autoritária para tentar calar vozes conservadoras no Legislativo. O vídeo citado nas matérias expressa opinião política protegida constitucionalmente pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar. É bom lembrar que o artigo 39 da Lei Orgânica do Município garante a inviolabilidade dos vereadores por palavras e opiniões. Será que a lei não vale mais no Recife?”, perguntou.

O que diz o vereador Gilson Machado Filho (PL)

O vereador Gilson Machado Filho (PL) também disse à CBN Recife que o requerimento de abertura de processo administrativo administrativo serve como "cortina de fumaça" da CPI do Parque Eduardo Campos. Em nota, ele ainda declarou que não foi oficialmente notificado.

"Caso as declarações dos vereadores Gilson e Thiago venham a ser consideradas quebra de decoro, será necessário rever toda a prática da Casa. Afinal, o que já foi dito, e continua sendo dito, por membros da esquerda contra o ex-presidente Jair Bolsonaro são acusações muito mais graves e jamais resultaram em qualquer tipo de questionamento ético. Dois pesos e duas medidas não podem prevalecer em um parlamento que se pretende democrático", afirmou.