Opinião | Agenda permanente

     Dizem que a águia precisa renovar sua plumagem. Para tanto, vive um processo de clausura, procurando se esconder em penhasco, fazendo com que suas penas sejam totalmente renovadas. Daí ela retoma sua vida normal, como se estivesse em plena juventude. Nos últimos anos, tornou-se rotineiro se falar em golpe e consequentemente em atentado contra à democracia. Para tanto, existe uma narrativa construída, a partir das bravatas reverberadas pelos nostálgicos do arbítrio, admiradores e os adesistas de última hora. Quando se pensava que qualquer alarde com relação ao tema seria apenas repetição de tudo que já foi falado, eis que surge a fala de um senador, robustecendo o tema e renovando-se como as penas de uma águia.
     Infelizmente, se ilude quem acredita que o país vive um processo de pacificação. Lamentavelmente, os ânimos ainda estão acirrados, provocando uma fissura que parece sem fim. O mesmo, tem promovido esfacelamento de antigas amizades e divisões nas famílias, demonstrando falta de amadurecimento em se conviver com quem pensa diferente. Uma das belezas da democracia é encontrada na pluralidade de ideias e não em ideia única. Mas foi justamente a falta de maturidade, que levou Sócrates a morte. Embora os atenienses tivessem orgulho por nascerem no berço da democracia, ainda não tinham aprendido com sua pluralidade. Tanto é que Platão entendia ser a democracia a “mais bela forma de tirania que o homem inventou”. Será?
P. S.  Recife praia limpa e ruas esburacadas. 

     Hely Ferreira é cientista político.