Frevo: a importância das gravadoras e do rádio para o ritmo pernambucano
O frevo se transformou em produto comercial na Era de Ouro do Rádio

Foto: Bruno Campos/Divulgação - via g1 PE
O frevo é filho do Carnaval, criado nas estreitas ruas do Recife e de Olinda. Porém, de janeiro a janeiro, esse ritmo pega a estrada e entra na casa dos pernambucanos com livre acesso, do Grande Recife ao Sertão. E isso se deve a dois grandes parceiros: o rádio e as gravadoras.
Não é possível dizer quem foi mais importante. Gravadoras e rádios se complementavam, especialmente entre 1950 e 1960, na divulgação dos trabalhos de maestros como Nelson Ferreira, Capiba, José Menezes e Levino Ferreira, que abriram caminho para tantos outros compositores.
O jornalista e escritor José Teles lembra que teve os primeiros contatos com o ritmo justamente na Era de Ouro do rádio pernambucano, por volta da década de 1960.
“Eu cresci ouvindo frevo, eles tocavam muito frevo antigamente. Nas rádios, então, era um horror, no bom sentido. Porque entre novembro e dezembro já começavam os programas de frevo nas rádios, como a Tamandaré, Clube e Jornal do Commercio. Elas competiam. Era uma coisa grandiosa feita naquela época e tinha muito patrocínio para esses programas; muita audiência também”, lembra.
Rosenblit e RCA
As gravadoras foram responsáveis por promover o frevo enquanto produto comercial. Os músicos das ruas passaram a ser levados para os estúdios. E se antes os maestros tinham que entregar as partituras pessoalmente às bandas de música, a partir de então, já era possível captar as melodias e letras pelas ondas do rádio e pelos discos de vinil. Assim, no Carnaval seguinte, o frevo já estava na boca do povo.
O radialista e pesquisador Renato Phaelante lembra do trabalho feito pela fábrica de discos Rozenblit e pela gravadora RCA Victor. Elas foram pioneiras em difundir as gravações das marchas carnavalescas e dos frevos não somente em Pernambuco, mas para todo Brasil. Renato cita um exemplo.
“Evocação, lançada em 1957 por Nelson Ferreira, foi a música mais tocada no Carnaval do Rio de Janeiro daquele ano. A Rosenblit teve um papel fundamental nesses primeiros anos do Carnaval, sobretudo até os anos 1980”, observa.
Além de ser o frevo mais tocado no Rio de Janeiro em 1957, Evocação ganhou um concurso promovido pela Rádio Nacional, o que permitiu ao maestro Nelson Ferreira vender mais de 100 mil discos no Brasil. O frevo do Recife estava nos ouvidos do país.
Rádio
Ainda em 2025, o rádio pernambucano preserva programas que se dedicam a divulgar o frevo e seu vasto repertório. Um deles é o cinquentenário “O Tema É Frevo”, apresentado pelo radialista e pesquisador Hugo Martins na Rádio Universitária FM, no Recife. Espaços como esse permitem que composições, orquestras, cantores e blocos permaneçam em atividade para além do Carnaval. E com as novas plataformas digitais, aí é que o folião não descansa um segundo.
O trabalho feito pelo rádio e pelas gravadoras continua vivo e potente. É por isso que, em Pernambuco, o tema é frevo o ano todo.
Com edição de Daniele Monteiro e sonorização de Lucas Barbosa,
Reportagem - Lucas Arruda
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