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Em Pernambuco, 132 crianças com microcefalia aguardam cirurgias de quadril; Governo divulga cronograma

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Por: REDAÇÃO Portal

Perspectiva de redução da demanda de cirurgias vem nove anos após início do surto do vírus Zika relacionado à microcefalia

24/05/2024
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Perspectiva de redução da demanda de cirurgias vem nove anos após início do surto do vírus Zika relacionado à microcefalia

Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

Entre agosto de 2015 e julho de 2017, um surto do vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, fez o Governo de Pernambuco decretar estado de emergência com os crescentes casos da doença ligados à microcefalia congênita em crianças recém-nascidas. Até abril de 2018, Pernambuco tinha confirmado 451 casos e 159 óbitos.

A microcefalia causa má formação do cérebro e também afeta partes do corpo como a coluna e o quadril, ocasionando dores e desconfortos. Há 9 anos, mais de 400 famílias aguardam pelo estabelecimento de um cronograma para realização das cirurgias de quadril, com o intuito de diminuir o sofrimento dos pequenos.

Passado tanto tempo, nesta quarta-feira (22), a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) anunciou, enfim, que a demanda de cirurgias represadas começará a ser diminuida. Em 12 meses, 217 intervenções cirúrgicas devem ocorrer em hospitais do Recife, Agreste e Sertão.

O ortopedista Epitácio Rolim explica sobre a importância da intervenção cirúrgica no quadril para as crianças com microcefalia.

"O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida. É um sentar. E a dor traz outros problemas no quadril, como a luxação. Ela pode estar associada ainda com a escoliose e comprometer mais a qualidade de vida em relação ao padrão respiratório. Até levar o óbito", constata.

Germana Soares, presidente da União de Anjos de Pernambuco (UMA-PE), esteve na reunião com a Secretaria de Saúde e afirma que o cronograma foi estabelecido com atraso. Além disso, várias pontas soltas foram deixadas para as mais de 431 famílias assistidas pela UMA, as quais aguardam por uma resposta mais eficaz do estado.

"O cronograma é o fluxo completo. É como essa criança vai chegar no hospital, como essa equipe médica vai estar amparada dos materiais corretos, como essa criança vai voltar depois de operada, como essa criança vai reabilitar, onde reabilitar, a distância que ela vai percorrer, o transporte que vai levar ela Será que as crianças do Sertão vão ter que vir para Recife fazer uma terapia?", questiona.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco informa que duas crianças serão operadas, por mês, até julho, e pelo menos 132 estão na fila de espera. No entanto, não ficam claros, entre outros pontos, como será a logística de encaminhamento às unidades hospitalares e como as crianças serão acompanhadas nos meses que sucederam as intervenções cirúrgicas.

Feito o procedimento nos dois lados do quadril, as crianças também precisam passar por outra cirurgia: a rizotomia, para diminuir a rigidez da coluna. Também não há maiores informações sobre esse procedimento por parte da Secretaria, que apenas divulgou a perspectiva de 24 procedimentos do tipo por ano em Pernambuco.

No Recife, o Hospital Otávio de Freitas realizará as cirurgias no quadril de crianças com microcefalia duas vezes por mês até o fim de julho, quando mais leitos de UTI tendem a ser liberados com o fim da sazonalidade das doenças respiratórias, as quais tem sobrecarregado a rede pública de saúde no estado. Nesta sexta-feira (24), em decorrência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 84 crianças e bebês aguardam por um leito de UTI Pediátrica e Neonatal.

Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, com mais leitos disponíveis, até 25 cirurgias de quadril em crianças com microcefalia devem ser realizadas na rede pública e conveniada.

Germana Soares, presidente da União de Mães e Anjos de Pernambuco (UMA-PE), aponta que o Governo deveria ter estrutura para atender a ambas as demandas. 

"Não é a Secretaria de Saúde que recebe áudio e ligações o dia inteiro, inclusive de madrugada, das mães, com as crianças chorando com luxação e dor de quadril. Essa era uma situação que deveria ter sido resolvida pra ontem ainda vai ser para agosto", aponta.

Ouça a matéria do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima

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