Frevo: a mistura de elementos em mais de um século de existência
Os tipos do frevo revelam a história e a força do gênero musical

Foto: Bruno Campos/Divulgação - via g1 PE
O frevo, ritmo característico de Pernambuco, é fruto da conexão de elementos afrobrasileiros e europeus, na música e na dança. Do ponto de vista do estilo musical, as melodias tocadas pelas orquestras nas ladeiras de Olinda, nas ruas e nos clubes do Recife, ou ainda, nas cidades do estado, evoluíram junto com o Carnaval.
O Recife em que o frevo nasceu e se criou, entre o fim do século XIX e o início do século XX, vivia profundas tensões e desigualdades sociais. No Carnaval, não era diferente. Os foliões da elite se reuniam nos clubes, que também eram espaços para discussão dos temas da sociedade. Do lado de fora, as bandas de música faziam o povo ferver nas troças e cortejos.
A divisão social se traduziu no gênero musical, como explica o pesquisador e radialista Renato Phaelante.
“A família (da elite), de modo geral, passou a participar de grupos que eram separados ‘da canalha da rua’. Não era permitido às famílias (da elite) participar, na rua, dessa brincadeira. Então foi criado o frevo de bloco. O frevo, em si, nasceu na rua, nas expressões populares”, lembra.
Tipos
O frevo se divide em três vertentes: frevo de rua, frevo canção e frevo de bloco. No caso do frevo de rua, apenas instrumentos de sopro e percussão participam, como saxofones, trompetes, trombones, caixas e surdos. Um exemplo é o frevo Último Dia, de Levino Ferreira.
O frevo canção, filho dos palcos, tem os mesmos instrumentos do frevo de rua, com a diferença de que a melodia é sempre executada por um cantor. Nomes de peso da cultura nordestina marcaram história nesse tipo, como Elba Ramalho, Alceu Valença, Claudionor Germano e Getúlio Cavalcanti.
E o frevo de bloco, também conhecido como frevo de pau e corda, representa o lirismo do carnaval pernambucano. Vozes femininas se somam às flautas, bandolins e violões para lembrar de um Carnaval que ficou na memória.
Ainda no frevo de rua, outras três variações são encontradas quanto ao destaque para certos instrumentos na melodia. O frevo coqueiro é chamado assim porque os metais, trompetes e trombones atingem notas mais agudas. O frevo ventania exige mais dos saxofones, onde o movimento dos dedos é tão rápido quanto o vento.
Já para explicar o frevo abafo, imagine que duas orquestras estejam conduzindo blocos rivais nas ladeiras de Olinda. Ao se encontrarem, vence quem tocar mais alto. Ou seja, quem abafar o outro grupo musical. E nessa hora, vale até mesmo desafinar.
Força da diversidade
Para o cantor André Rio, a diversidade de tipos do frevo ressalta a força da cultura pernambucana.
“A gente tem uma particularidade de que Pernambuco é um estado de espírito plural. A gente tem um maracatu muito forte, assim como o samba, o caboclinho. E o frevo está absolutamente dentro do coração de cada pernambucano. Como se diz, o frevo não convida, o frevo arrasta”.
Com diferentes vertentes, sons, lugares e públicos, o frevo arrasta multidões.
Com edição de Daniele Monteiro e sonorização de Lucas Barbosa,
Reportagem - Lucas Arruda
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