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Cultura

São João de Pernambuco: artistas reforçam importância da valorização para além das festas

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Por: REDAÇÃO Portal

Para muitos, o período junino representa a possibilidade de uma renda extra

28/06/2025
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Para muitos, o período junino representa a possibilidade de uma renda extra

Foto: Andrea Rego Barros/PCR

O período junino é marcado por homenagens a três santos, começando com Santo Antônio, em 13 de junho; passando por São João, no dia 24; e terminando com São Pedro, em 29 de junho. Porém, é no nome de João que a festa mais simbólica do Nordeste brasileiro ganha repercussão nacional e até internacional.

Em Pernambuco, cidades como Caruaru, Petrolina, Arcoverde, Gravatá e Recife têm a economia, o turismo e a cultura completamente transformados por mais de 30 dias por causa dos festejos juninos. Uma marca que pode ser sentida tanto na força das tradições quanto na diversidade dos ritmos que hoje fazem parte do São João - desde o Baião de Luiz Gonzaga até o piseiro de João Gomes.

Diversidade

No São João da Capital do Forró, Caruaru, tem gostos para todos os públicos, como relata o filho da terra, Allyson Azevedo, de 31 anos.

“O São João de Caruaru é uma festa muito versátil. Eu consigo dentro do mesmo espaço acompanhar os shows no Pátio de Eventos, dos mais diversos ritmos. Eu consigo acompanhar um festival de quadrilhas, eu consigo passar o dia no Alto do Moura, com outra perspectiva de festa. É um evento que reúne muita cultura, ele retrata realmente o São João do Nordeste. Cheio de vida, de muita energia. Eu acho que é uma festa que todo brasileiro deveria conhecer”, sugeriu.

Para alguns representantes da classe artística, nos palcos, a diversidade é bem-vinda - desde que seja acompanhada do devido espaço e reconhecimento aos artistas da terra, os quais permitem que o São João se mantenha vivo o ano todo. É o que aponta a cantora Kelly Rosa.

“São João é São João! É forró, é pé de serra, é comida típica. Aquele cheirinho dos fogos queimando, da fogueira. Isso é o São João! Eu acho que a gente tá precisando só de uma melhor organização por parte das prefeituras com relação aos pagamentos. Eu sei que é muita gente para pagar e tudo, mas tem que mudar alguma coisa”, observa.

Desvalorização

Seja no palco ou por trás dos microfones, uma gama de personagens depende do São João financeiramente, especialmente aqueles que trabalham especificamente com a arte. No entanto, o período também representa a possibilidade de uma renda extra para quem atua em outros ofícios no dia a dia. É o caso do trompetista Melquizedek Silva, da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH).

“As festas juninas trazem a nós músicos uma renda extra para podermos somar com  alguns trabalhos paralelos que nós temos. No meu caso, eu sou músico, faço arranjos, sou copista também. E além disso, sou eletricista e motorista de aplicativo, que é a minha renda principal hoje. A gente vai tentando, de alguma forma, somar para que a matemática das contas de casa funcione. A gente vai tentando e trabalhando”, contou.

Apesar de atuar na música há mais de 30 anos, Melquizedek fala sobre uma realidade que não parece mudar com o passar do tempo: a desvalorização dos artistas locais - principais responsáveis por fazer a festa acontecer.

“Eu não me sinto valorizado. Poderia ser melhor tanto em termos de reconhecimento quanto de cachês. E eu falo não o valor do cachê, eu falo mais pela demora. Sobre essa situação, que é construída há muito tempo: a demora para sair o cachê. Eu acho que o estado, a prefeitura, o município e também os outros poderes poderiam olhar mais essa parte, porque o músico tá ali tocando porque ele também tem família, tem suas obrigações, tem suas contas”, declarou.

Reconhecimento

Sem o músico, seja de um trio pé de serra ou de uma banda de sucesso, o São João não acontece. Assim como não acontece se não houver a presença do quadrilheiro, do artesão, do bacamarteiro e de tantos outros elementos que simbolizam a força do período junino.

Muito além da economia, o São João é a manifestação da cultura do povo nordestino. E com a chegada de São Pedro, da Bahia ao Maranhão, agora o Nordeste se prepara para que, no ano que vem - ou como costumamos dizer, “paruano” -, o forró seja ainda mais animado.

Sonorização: Lucas Barbosa

Edição de Texto: Daniele Monteiro

Produção: Lucas Arruda

Reportagem - Antônio Marcos

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