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Mortes de crianças e adolescentes crescem 300% em Pernambuco

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Por: REDAÇÃO Portal

Neste ano, já foram 20 mortes registradas na faixa dos 0 aos 17 anos.

15/03/2024
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Neste ano, já foram 20 mortes registradas na faixa dos 0 aos 17 anos.

Foto: TV Globo/Reprodução

Gael Lourenço França do Carmo, 9 meses. Jackson Dantas da Silva, 10 anos. Esses são os nomes de duas das onze vítimas de 0 a 17 anos mortas em Pernambuco durante o mês de fevereiro. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 300% no número de crianças e adolescentes baleados no estado. Segundo a Secretaria de Defesa Social, neste ano, já foram 20 mortes registradas.

Dos crimes registrados, dois foram em Itamaracá, no Grande Recife, onde duas crianças foram mortas e outras duas ficaram feridas por crime com arma de fogo em menos de cinco dias. Os casos ainda seguem em investigação pela Polícia Civil, que já prendeu sete homens ligados ao tráfico de drogas na região, suspeitos de envolvimento nos crimes.

Para a coordenadora executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares, o Gajop, e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Deila Martins, há uma recorrência no registro de óbitos na faixa dos 0 aos 17 anos que não deve ser naturalizada.

“São crianças e adolescentes pobres, negros, e moradores de áres periféricas que tem uma falta de infraestrutura; um acesso limitado para os serviços básicos, como saneamento e educação. Em que muitas vezes a presença do Estado é só pela Polícia em incursões desastrosas que aumentam ainda o risco de morte para essas crianças e adolescentes, por ser um modelo de segurança pública pautado na guerra às drogas”, afirmou.

Casos no Brasil

A violência contra crianças e adolescentes não é uma realidade apenas de Pernambuco. Um outro levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, desta vez no Rio de Janeiro, apontou que, no ano passado, 25 crianças foram baleadas em tiroteios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em média, uma criança foi baleada a cada 15 dias no estado, número que reforça o problema ainda crônico no País. 

De acordo com a coordenadora executiva do Gajop, o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que houve uma queda nos índices nacionais de crianças e adolescentes vítimas de morte violenta. No entanto, Pernambuco segue na contramão desses dados. 

 

Violência em Pernambuco

Segundo dados do Monitor da Violência, levantamento do G1 baseado nas informações  disponibilizadas pela Secretaria de Defesa Social, Pernambuco teve a segunda maior taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no Brasil, ficando acima da média nacional e atrás apenas do Amapá, na Região Norte. No Nordeste, o estado é o mais violento, com um índice de 38,8 crimes a cada 100 mil habitantes, número 6 vezes maior que o estado de São Paulo, e 5 vezes maior que o Rio de Janeiro.

Em 2024, segundo o boletim “Mortes Violentas Intencionais”, emitido mensalmente pela SDS, 668 pessoas foram mortas em Pernambuco nos dois primeiros meses do ano. Só na capital, Recife, foram 142 registros entre homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

A CBN Recife procurou a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco para saber o posicionamento do Governo de Pernambuco sobre o relatório lançado pelo Instituto Fogo Cruzado. Também foram questionadas quais medidas têm sido tomadas pelo poder público para evitar o aumento de crimes violentos contra crianças e adolescentes no Estado, e da violência de um modo geral. A SDS informou que desconhece a metodologia e a base de dados da pesquisa. Sobre as mortes, disse que são tratadas como demanda de prioridade e, quando atingem crianças e adolescentes, a Polícia Civil de Pernambuco atua com mais afinco para esclarecer os fatos.

Ouça a matéria do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.

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