Jovem baleado por delegado em Fernando de Noronha tem perna amputada

O ambulante Emanuel Pedro Apory, de 26 anos, que foi baleado pelo delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz, no último dia 5 de maio, após uma briga em uma festa, em Fernando de Noronha, teve a perna direita amputada. A informação foi antecipada pelo próprio Emanuel em um vídeo divulgado nas redes sociais. 

De acordo com o jovem, ainda que as equipes médicas tenham tentado não realizar o procedimento, a amputação na altura da coxa, acima do joelho, foi necessária diante da gravidade dos ferimentos.

"Vai ser necessária a amputação para seguir com minha vida. E talvez meu erro foi querer ajudar e ter empatia por quem não merece. Não dei em cima de ninguém, respeitei a todo momento e, por mais que demora, a verdade tarda, mas não falha. (...) Eu sei que tentaram me matar. Não desejo mal, apenas quero que a justiça seja feita. Ela pode tardar, mas a justiça de Deus não falha", afirmou.

Emanuel Apory está internado no Hospital da Restauração (HR) desde o dia 6 de maio. No local, ele já havia passado por uma cirurgia para correção de uma fratura exposta. No vídeo, o jovem também disse que deseja apenas retornar bem à Fernando de Noronha.

"Porque me encontro em cima de uma cama, prestes a fazer uma cirurgia de amputação, precisando de ajuda para tudo. Para comer, tomar banho, me limpar, me cobrir, me deitar e dormir. Se não fosse pela minha mãe segurando essa bronca, não sei o que seria de mim. Graças a Deus tenho ela na minha vida", agradeceu.

O caso

Imagens do circuito de segurança do Forte dos Remédios, onde a briga acontecceu, mostram quando o delegado Luiz Alberto Braga disparou duas vezes contra Emanuel Apory. Antes, o policial esperou o rapaz na porta de um banheiro, mostrou o revólver e empurrou Emanuel para o canto da parede. 

O jovem revidou a agressão e empurrou o delegado. Foi então que o policial civil fez os dois disparos com o revólver, atingindo Emanuel Apory na perna direita. O jovem, que trabalha como locador de barracas de praia na ilha, foi submetido a uma cirurgia no Hospital da Restauração (HR), para corrigir uma fratura exposta. 

No dia 6 de abril, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afastou o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz por 120 dias. Por meio da portaria nº 2705/2025, com a assinatura do secretário Alessandro Carvalho, a SDS determinou o recolhimento da identidade funcional, da arma e de outros materiais de trabalho que estivessem com o delegado. 

Luiz Alberto Braga responde em liberade a um Processo Administrativo Disciplinar Especial (PADE) instaurado pela Corregedoria da Secretaria da Defesa Social para acompanhar as investigações, conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em Fernando de Noronha, o policial atuava como delegado substituto.