Pernambuco segue entre os estados mais violentos do país, mesmo com queda nas mortes violentas em 2024

Mesmo com uma leve redução na taxa de mortes violentas intencionais, Pernambuco continua figurando entre os estados mais violentos do Brasil. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o estado registrou taxa de 36,2 mortes por 100 mil habitantes, uma queda em relação aos 38,3 de 2023, mas ainda atrás apenas de Amapá, Bahia e Ceará.

Dois municípios pernambucanos, Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata, ambos na Região Metropolitana do Recife, estão entre os dez mais violentos do país. O Cabo teve 159 mortes violentas em 2024, com taxa de 73,3 por 100 mil habitantes (alta de 16,1%), enquanto São Lourenço da Mata registrou 86 vítimas, com taxa de 73 por 100 mil habitantes. Ambas as cidades são impactadas diretamente pela disputa entre facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.

O Brasil registrou crescimento nos feminicídios (mortes de mulheres pelo fato de serem mulheres) e nas mortes de crianças e adolescentes em 2024. Apesar da queda geral nas mortes violentas, os feminicídios bateram novo recorde no Brasil, com 1.492 casos em 2024. A maior parte das vítimas são mulheres negras, entre 18 e 44 anos, mortas dentro de casa por companheiros ou ex-companheiros, frequentemente mesmo estando sob medidas protetivas. O Fórum alerta que cerca de 100 mil dessas ordens judiciais foram descumpridas no ano.

Outro dado preocupante é o crescimento das mortes de crianças e adolescentes. No Brasil, houve aumento de 4% nesse tipo de crime, puxado principalmente pelas mortes em ações policiais. 

O Fórum aponta que, apesar de políticas públicas e fatores como o envelhecimento da população contribuírem para a queda geral da violência, a atuação de facções e o descumprimento de medidas legais fragilizam os avanços. Em Pernambuco, a situação dos municípios mais violentos evidencia que o controle territorial pelo crime organizado ainda desafia o poder público e expõe a população a altos índices de letalidade.