Carregando
Recife Ao Vivo

CBN Recife

00:00
00:00
Cultura

Fenearte: Alameda dos Mestres apresenta riquezas ancestrais de Pernambuco


Por: REDAÇÃO Portal

Maria das Carrancas, Mestre Ivo e Mestre Davi fazem parte do grupo formado por 63 artesãos

15/07/2025
    Compartilhe:

Maria das Carrancas, Mestre Ivo e Mestre Davi fazem parte do grupo formado por 63 artesãos

Foto: Mayara Amancio/CBN Recife

A 25° edição da Fenearte, a “Feira das Feiras”, que acontece no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda, até este domingo (20), mostra ao mundo o melhor do artesanato produzido pelos mestres e mestras da cultura pernambucana. 

Tem arte de barro, de renda, de couro; a música e os sabores do nordeste. Mas sobretudo, a Fenearte dá destaque a trabalhos ancestrais, produzidos do Grande Recife ao Sertão.

Maria de Ana - Petrolina

Na Alameda dos Mestres, ao lado de outros 62 artistas consagrados, Maria das Carrancas, de Petrolina, apresenta o trabalho de sua mãe, a ceramista Ana das Carrancas - nome símbolo do Sertão do São Francisco e que completaria 100 anos em 2023.

“Ana das Carrancas foi uma mulher que persistiu na arte e chegou onde não ela quis, mas onde Deus quis. Porque ela fez cultura para sobreviver, para ter o pão na mesa e ajudar meu padrasto, que era cego de nascença. Muitas pessoas criticaram ela na época, mas ela não ouviu. E hoje minha principal atividade é dar continuidade ao trabalho de Ana, à arte que ela deixou”, disse.

Foto: Mayara Amâncio/CBN Recife

Além de sobrinhos e netos, três filhas da centenária Ana, entre elas, Maria da Cruz, que adotou o nome artístico da mãe, seguem na produção e divulgação das “caras feias” do Sertão, as carrancas. Aos 69 anos, Maria se diz emocionada ao falar de Ana, e não há espaço para o cansaço.

Mestre Ivo - Tracunhaém

Tracunhaém, berço da arte em barro, expõe na Fenearte várias possibilidades de se trabalhar com essa matéria-prima. Um dos seus representantes na feira é o Mestre Ivo, que, para esta edição, escolheu fazer um diálogo com outras expressões da cultura brasileira.

“Eu trabalho desde os meus 10 anos de idade, e hoje, com 50 anos na arte, estou desenvolvendo um trabalho baseado na obra Tarsila do Amaral, o Abaporu, e na história de ‘O Cortiço’, de Aluísio Azevedo. E graças a Deus isso vem resultando em um público cada dia mais empolgado com esse trabalho”, contou.

Foto: Mayara Amâncio/CBN Recife

Mestre Ivo leva suas produções à Fenearte há 23 anos. Ele acredita que, para além da valorização ao trabalho, a feira coloca seu município em destaque - o que gera lucro para dezenas de artesãos o ano inteiro.

Mestre Davi - Bezerros

E se a palavra também é uma arte, na Fenearte não falta cordel, nem quem os declame. Inclusive, a criatividade é tamanha que o repórter nem precisa apresentar o próximo entrevistado.

"Meu nome é Davi Teixeira, isso eu não nego não, sou caboclo lá da roça, sou filho do meu sertão. Devoto do Padre Cícero e do Santo Frei Damião."

Mestre Davi, de Bezerros, no Agreste pernambucano, se autodenomina “artista tiquinho”, porque sua arte tem um “tiquinho” de tudo. Tem cordel, mas também tem música, tem as máscaras dos papangus, e ele ainda arruma tempo para ser ator. Há 25 anos, a Fenearte é a vitrine de todo trabalho.

“Isso aqui é uma vitrine aberta para o mundo. O mundo está aqui na Fenearte, é onde você encontra o DNA da cultura popular, dos artistas pernambucanos. Inclusive, vou mandar um ‘cangaceiro’ agora com milhares de cordéis para Fernando de Noronha”, contou.

Foto: Mayara Amâncio/CBN Recife

E a responsável pela encomenda, a empresária Isabela, dona da pousada Casa de Mandacaru, fala como a arte do Mestre Davi será apresentada aos turistas em Noronha. “Eu abri a pousada recentemente, e lá nós vamos colocar os cordéis em forma de lembrança para o hóspede. De Noronha, eles vão para o mundo todo”, relatou.

É assim, de Pernambuco para o mundo, que a Fenearte contribui para que a ancestralidade presente em nossa cultura ultrapasse as fronteiras do tempo. 

Reportagem - Lucas Arruda

Not��cias Relacionadas

Comente com o Facebook