“O que minha filha pode significar de risco?”, dispara Alexandre Padilha após Governo Trump revogar vistos de familiares

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha a decisão dos Estados Unidos de cancelar os vistos de sua esposa e de sua filha de 10 anos. Em visita ao Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape), no Recife, ele questionou a medida e afirmou não entender como uma criança poderia representar ameaça ao governo norte-americano. “Eu quero que eles me expliquem o que a minha filha pode significar de risco para o governo americano”, disse.

A decisão atinge autoridades brasileiras ligadas ao programa Mais Médicos, criado por Padilha durante o governo Dilma Rousseff. Nesta semana, a embaixada dos EUA classificou a iniciativa como um “golpe diplomático”, alegando que teria servido de instrumento para um esquema de “exportação de trabalho forçado do regime cubano”. Além da família do ministro, nomes como Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, atual coordenador-geral da COP30, também tiveram seus vistos revogados.

Padilha demonstrou preocupação com o impacto da medida sobre sua filha, destacando que terá de explicar o cancelamento e prepará-la para possíveis questionamentos de colegas de escola. Ele lembrou ainda das dificuldades enfrentadas por sua família durante a ditadura militar, quando seu pai precisou se exilar nos Estados Unidos e não pôde acompanhar seu nascimento. “Ela não vai passar pelo que eu passei, porque hoje vivemos em uma democracia presidida por um democrata que respeita a Constituição”, afirmou.

O governo norte-americano, liderado por Donald Trump, vem adotando uma série de sanções contra o Brasil nos últimos meses. Além da revogação de vistos de autoridades ligadas ao Mais Médicos, o pacote de medidas inclui tarifas sobre produtos nacionais e sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes. Até o momento, o Itamaraty não divulgou resposta oficial à decisão de Washington.